Arquitetura & Longevidade – Capítulo 2: Morar e Cuidar

Unidades habitacionais pensadas para a longevidade

As transformações demográficas e culturais das últimas décadas trouxeram à tona a realidade que estamos vivendo mais e queremos viver melhor, mas essa longevidade exige que repensemos a maneira como projetamos nossas casas. Hoje, o mercado imobiliário das grandes cidades, como São Paulo, tem apostado em unidades cada vez mais compactas, focadas em jovens profissionais e em modelos de moradia de curta duração. Porém, quando olhamos para o público 60+, percebemos uma lacuna preocupante com a maior parte dos imóveis disponíveis despreparados para atender às necessidades físicas, cognitivas e emocionaisdessa etapa da vida.

Ambientes com desníveis, escadas, iluminação insuficiente, banheiros estreitos e pisos escorregadios representam riscos constantes e tornam-se obstáculos para quem precisa de apoio, equilíbrio e conforto. Acreditamos que a arquitetura deve ser um instrumento de cuidado e desenvolvemos projetos que integram princípios da Geroarquitetura e do Design Universal, criando lares que se adaptam às pessoas, e não o contrário. Neste contexto vale destacar:

– Ergonomia e segurança

A eliminação de barreiras é fundamental. Portas e corredores mais amplos garantem circulação segura, inclusive para quem utiliza cadeiras de rodas ou andadores. Mobiliário com alturas adequadas, assentos firmes e apoios bem posicionados facilitam o uso cotidiano e reduzem o esforço físico.
Em áreas críticas para a segurança, como banheiros e cozinhas, o projeto precisa considerar pontos de apoio fixos, iluminação clara e pisos antiderrapantes. São ajustes simples, mas que fazem diferença entre o conforto e o risco.

– Luz, cores e bem-estar

A iluminação natural é um recurso terapêutico. Além de melhorar o humor e a qualidade do sono, ela reforça a percepção espacial. Cores e contrastes suaves orientam a visão e estimulam a memória, enquanto texturas agradáveis ao toque aumentam a sensação de acolhimento e segurança.

– Ambientes que refletem histórias

A casa é um registro de vida. Cada objeto, fotografia ou móvel carrega memórias e significados. A personalização é parte essencial de um projeto, pois um ambiente que reflete a trajetória do morador fortalece o senso de pertencimento e identidade, fatores determinantes para o bem-estar emocional.

– Mais do que adaptar, é preciso planejar

Não se trata apenas de adaptar casas já existentes, mas de planejar novas unidades com essa consciência desde o início. Afinal, as soluções que beneficiam um idoso também tornam o ambiente mais confortável e seguro para qualquer pessoa. Entendemos que o lar deve evoluir com o tempo e acompanhar as mudanças naturais da vida. Por isso, buscamos criar espaços flexíveis, acolhedores e preparados para as diferentes fases do morar. Quando a arquitetura antecipa as necessidades, ela deixa de ser apenas estética e passa a ser cuidado, respeito e empatia.

Arquitetura e longevidade - Morar e cuidar
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Sobre os autores

Adriana Lui

Autora

Sócia e diretora de interiores e corporativo da TM2. Master em Neuroarquitetura - IPOG e Pós-graduação em Sustentabilidade em Edificações – Mackenzie.

Fábio Mariano

Colaborador

Arquiteto e Gestor de Processos Criativos, Projetos Modulares e mais de 36 anos em experiências imersivas.

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